domingo, 8 de março de 2009

Hipercolesterolemia

Introdução

O colesterol é um composto a base de gordura que naturalmente faz parte de nosso corpo. Ele executa várias funções vitais importantes. O colesterol é necessário na estrutura das paredes que cercam as células do corpo e é a matéria-prima que é convertida em certos hormônios. O corpo produz todo o colesterol que o organismo precisa. O ser humano precisa só de uma pequena quantidade de gordura na dieta para produzir colesterol suficiente para a pessoa ser saudável.

A gordura e o colesterol que a pessoa come são absorvidos no intestino e são transportados ao fígado. A gordura é convertida no fígado em colesterol, e é liberado na corrente sangüínea. Há dois tipos principais de colesterol: a lipoproteína de baixa-densidade (LDL colesterol – o "colesterol ruim") e a lipoproteína de alta densidade (HDL colesterol - o "colesterol bom").

Níveis altos de LDL colesterol estão associados à aterosclerose que é o acúmulo depósitos gordurosos ricos em colesterol nas paredes das artérias. Isto pode estreitar ou entupir as artérias, reduzindo a velocidade ou interrompendo o fluxo de sangue aos órgãos vitais, especialmente o coração e o cérebro. A aterosclerose que afeta o coração é chamada de doença das artérias coronárias, e pode causar infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Quando a aterosclerose entope as artérias que provêem sangue ao cérebro, pode causar um derrame cerebral (AVC) do tipo isquêmico.

Níveis altos de HDL colesterol (colesterol bom) protegem o organismo contra ataques do coração e derrame removendo o colesterol ruim das artérias e devolvendo-o ao fígado.

Como os níveis altos de colesterol podem causar aterosclerose, os médicos recomendam que as pessoas mantenham seus níveis de colesterol dentro de uma faixa específica. Veja a tabela abaixo:

LDL Colesterol

Menor que 100

Ótimo

100 a 129

Próximo do ótimo

130 a 159

Limite superior

160 a 189

Alto

190 ou maior

Muito alto

Colesterol Total

Menor que 200

Desejável

200 a 239

Limite superior

240 ou maior

Alto

HDL Colesterol

Menos que 40

Baixo

Entre 40 e 60

Ideal

60 ou maior

Alto

Triglicérides

Menor que 150

Ótimo

Para uma avaliação mais precisa do risco da aterosclerose, a avaliação do LDL colesterol é a mais importante. De acordo com diretrizes estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o nível desejável de LDL colesterol depende se a pessoa já tem ou não uma doença causada pela aterosclerose ou pelo diabetes; ou ainda, se tem outros fatores de risco para a doença coronariana do coração.

Fatores de risco para a doença coronariana incluem:

· Ser homem e estar acima dos 45 anos de idade,

· Ser mulher e estar acima dos 55 anos de idade,

· Ser mulher e ter menopausa prematura,

· Ter uma história familiar de doença coronariana precoce (um pai ou irmão abaixo dos 55 anos de idade e mãe ou irmã abaixo dos 65 anos com doença coronariana),

· Ser fumante

· Ter hipertensão (pressão alta)

· Não ter “colesterol bom” normal (HDL acima de 40).

Se a pessoa tem doença coronariana, diabetes, doença vascular (dos vasos) periférica ou já teve um derrame por causa da aterosclerose, o LDL colesterol deve ser menor que 100. O ideal seria abaixo de 70.

Quanto mais fatores de risco o paciente tem, mais baixo deve ser seu LDL colesterol. Em geral, o nível de LDL colesterol abaixo de 100 é ideal, mas menor que 130 pode ser aceitável para pessoas com poucos ou nenhum fator risco.

O nível de HDL colesterol também é muito importante. Pessoas com níveis abaixo de 40 são mais prováveis de desenvolver aterosclerose, doença do coração e derrame cerebral. Níveis de HDL colesterol acima de 60 estão associados com menos aterosclerose e acredita-se que ajude a proteger contra doença do coração e derrame cerebral.

Quadro Clínico

A maioria das pessoas com colesterol alto não têm nenhum sintoma até que a aterosclerose relacionada ao colesterol cause estreitamento significativo das artérias que alimentam o coração (artérias coronárias) e o cérebro (artérias cerebrais). O resultado deste entupimento pode levar à dor torácica relacionada ao coração (angina) ou outros sintomas de doença coronariana; como também sintomas associados à diminuição do suprimento de sangue para o cérebro (ataques isquêmicos transitórios ou derrame cerebral).

Uma em cada 500 pessoas pode ter uma doença genética (hereditária) chamada hipercolesterolemia familiar que pode levar a níveis de colesterol extremamente altos (acima de 300). Pessoas com esta desordem podem desenvolver nódulos de colesterol (xantomas) nos tendões dos músculos, especialmente no tendão de Aquiles (na parte de trás e inferior da perna). Depósitos de colesterol também podem aparecer nas pálpebras onde são chamados xantelasmas.

Diagnóstico

O médico fará perguntas para saber se alguém da família tem doença coronariana do coração, colesterol alto ou diabetes. Ele perguntará sobre os hábitos alimentares do paciente e se ele é fumante. Ele medirá a pressão sanguínea e procurará xantomas e xantelasmas. O diagnóstico de colesterol alto pode ser confirmado através de um exame de sangue simples, que medirá o colesterol total, o LDL e o HDL colesterol e os níveis de triglicérides.

Prevenção

Você pode ajudar a prevenir o colesterol alto ingerindo uma dieta saudável. Isto significa trocar as comidas com alto teor de gordura (ovos, carnes vermelhas e gordurosas, poupa ou óleo de coco, produtos laticínios (cheddar, queijos amarelos) ou leite integral, para frutas frescas e legumes, pão integral – de grãos e cereais -, além de leite semi-desnatado e produtos laticínios de baixo teor de gordura (ex. queijo branco).

Tratamento

Pode-se tratar o colesterol alto ingerindo uma dieta de baixo-colesterol e baixo teor de gordura, e tomando medicamentos para abaixar o colesterol. O plano de tratamento específico dependerá dos níveis de colesterol (inclusive de LDL colesterol), da história de doença coronariana do coração ou dos fatores de risco para a doença coronariana.

1. Dieta: A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a seguinte dieta com:

· Gordura saturada — Menos que 7% de calorias

· Gorduras monosaturadas — Aproximadamente 20% de calorias

· Gorduras polisaturadas— Aproximadamente 10% de calorias

· Proteínas — Aproximadamente 15% de calorias

· Carboidratos — Aproximadamente 50% de calorias

· Fibras — Aproximadamente 25 gramas por dia

· Colesterol — Menos de 200 miligramas por dia

· Manter um peso desejável: Deve-se ingerir somente a quantidade de calorias que se queima por dia. Se precisar perder peso, ingerir menos calorias do que se queima.

· Os pacientes que não se sentirem seguros de como seguir tal dieta podem achar útil consultar com um profissional de cuidados médicos como um (a) nutricionista, endocrinologista e cardiologista.

2. Medicamentos: Há cinco tipos de medicamentos para abaixar o colesterol:

· Resinas de Trocas de Ácidos Biliares – Atua através da ligação com os ácidos biliares no intestino (biles) impedindo sua reabsorção, diminuindo pois o colesterol total e LDL colesterol, e aumentando o HDL colesterol no sangue. Inclui a Colestiramina (Questran®), Colesterolamina (Questran Light®) e o Colestipol (Colestid®),

· Ácido nicotínico: sua capacidade em aumentar em até 30% o HDL quando utilizado em doses máximas supera todos os outros medicamentos. Associado a uma estatina é capaz de diminuir o LDL mais do que qualquer outro remédio isoladamente, sem aumento de efeitos colaterais. Esta combinação também reduz os triglicerídeos e aumenta o HDL. Inclui o Hexanicotinato de Mesonisitol ® (com vit B1) e o próprio Ácido Nicotínico (G.A.B.A. ®),

· Fibratos: Os fibratos aumentam a oxidação de ácidos graxos no fígado e nos músculos. Em casos de dislipidemias mistas também ocorre diminuição de LDL colesterol. Incluem o Gemfibrozila (Lopid®), o Fenofibrato (Lipanon®, Lipidil®), o Benzafibrato (Cedur®), o Etofibrato (Tricerol®) e o Clofibrato (Claripex®),

· Estatinas (também chamadas de inibidores da HMG-CoA redutase): Estes medicamentos levam à diminuição dos níveis de colesterol circulante retardando ou mesmo regredindo o desenvolvimento da placa de aterosclerose, com isto a placa se torna menos obstrutiva e com menor possibilidade de causar infarto ou derrame cerebral. Incluem a Lovastatina (Mevacor®), Simvastatina (Zocor®), Pravastatina (Pravacol®), Fluvastatina (Lescol®), Atorvastatina (Lipitor®), e Rosuvastatina (Crestor®). As estatinas bloqueiam uma enzima chamada HMG-CoA reductase que é necessária para a produção do colesterol,

· Inibidores seletivos da absorção de colesterol intestinal — Há só um medicamento disponível no mercado - o Ezetimibe (Zetia).

Se seu colesterol não é controlado com mudanças na dieta e no estilo de vida, o médico pode recomendar que o paciente tome um ou mais destes medicamentos. Cada tipo de medicamento funciona de forma diferente e tem diferentes efeitos colaterais.

Além das mudanças na dieta e dos medicamentos, pessoas com colesterol alto devem tentar controlar os outros fatores de risco para a doença coronariana. Isto significa manter a pressão sanguínea em níveis normais, não fumar, controlar seu açúcar no sangue, manter ou perder peso e praticar exercícios regulares.

Qual médico procurar?

Geralmente os níveis de colesterol são acompanhados por um Clínico Geral, um Endocrinologista ou um Cardiologista. Como é possível ter colesterol alto por muitos anos sem ter sintomas, é importante fazer um exame de sangue para ver o nível de colesterol periodicamente. Diretrizes atuais recomendam que adultos acima dos 20 anos de idade devem fazer um perfil lipídio de jejum completo a cada cinco anos. Este teste mede o colesterol total, o LDL e o HDL colesterol e os níveis de triglicérides. Se os números estiverem fora dos níveis desejáveis, o médico pode sugerir que você mude sua dieta e freqüentemente monitore seu colesterol mais freqüentemente.

Prognóstico

Combater o colesterol alto é um esforço a longo prazo. Você pode abaixar seus níveis de colesterol significativamente dentro de seis semanas mudando para uma dieta com baixo teor de gorduras saturadas, grande quantidade de frutas e legumes, e substituindo "gorduras ruins" por "gorduras boas". As mudanças dietéticas precisam ser permanentes para manter os níveis de colesterol mais baixos.

A efetividade de seguir uma dieta saudável e usar medicamentos para abaixar colesterol varia de pessoa para pessoa. Em média, a dieta e os exercícios regulares podem abaixar o LDL colesterol em aproximadamente 10 a 15%. Os medicamentos podem abaixar o LDL colesterol em 20 a 50%.

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