domingo, 8 de março de 2009

Doença celíaca

O que é ?

É uma doença do intestino delgado, com maior ou menor atrofia das vilosidades da mucosa, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.

As vilosidades são ondulações ou dobras microscópicas da camada que acarpeta internamente o intestino delgado (mucosa), que servem para aumentar a superfície de absorção e para sediar células com funções especializadas na digestão.

Quando a mucosa sofre agressões de tipos variados, ocorre um achatamento das dobras e uma diminuição da digestão e da absorção, resultando em diarréia crônica e suas repercussões: emagrecimento, distensão abdominal, inchaço das pernas e outros sinais de desnutrição protéico-calórica. Poderão acontecer deficiências no desenvolvimento da criança e mau estado de saúde geral no adulto.

Na Europa, a doença pelo glúten pode ocorrer em uma de cada 300 pessoas; nos EUA é mais freqüente nos brancos que nos negros; dez por cento dos parentes de primeiro grau podem apresentar a mesma dificuldade.

Como se desenvolve ?

Se a doença começa após a introdução de certos cereais - aveia, cevada, centeio ou trigo - na alimentação da criança, o assunto será da alçada pediátrica.

O diagnóstico tem sido feito entre os adultos com diarréia há mais de três ou quatro semanas. Aceita-se que a doença pode permanecer latente ou com sintomas mínimos e ocasionais durante longos períodos da vida.

Os cereais que contêm glúten têm gliadina - uma fração protéica - que é a responsável pelo dano na mucosa intestinal. As causas, entre outras em estudo, poderiam ser: predisposição genética, falta de enzima digestiva e formação de anticorpos.

O que se sente ?

Diarréia é a evidência mais freqüente, ainda que não necessariamente a primeira.

São queixas ou constatações:

fezes fétidas, claras, volumosas, sobrenadantes, com ou sem gotas de gordura;
distensão abdominal por gases, cólicas, náuseas e vômitos;
dificuldade de adquirir peso e facilidade para perdê-lo;
baixa estatura;
fraqueza geral;
modificação do humor, dificuldade para um sono reparador;
alterações na pele;
fraqueza das unhas, queda de pêlos;
anemia por deficiente absorção do ferro e da Vitamina B 12;
alterações do ciclo menstrual;
diminuição da fertilidade;
inchaço dos membros inferiores;
osteoporose.

É interessante a observação de que sintomas da infância podem desaparecer na adolescência, para reaparecer na maturidade ou mesmo na velhice.

Como o médico faz o diagnóstico ?

Quando a história clínica é rica, a hipótese de Doença Celíaca surge naturalmente, permitindo, em certos ambientes, testar o diagnóstico usando, por três meses, uma dieta isenta de glúten. Se os sintomas melhorarem com a suspensão e piorarem com a re-introdução do glúten na alimentação, tem-se uma confirmação diagnóstica. Uma escalada de exames de sangue, urina, fezes e de imagem, poderá ser necessária rumo ao diagnóstico.

A verificação de gorduras não digeridas nas fezes significa, principalmente, que há uma dificuldade na sua absorção pela mucosa ou uma insuficiente produção de enzimas pancreáticas. O chamado Teste de Absorção da Xilose, quando alterado, sugere lesão da mucosa do intestino delgado, portanto, dificuldade de absorção.

O estudo radiológico do intestino delgado com ingestão de contraste baritado sugere o diagnóstico quando mostra um intestino dilatado com pregas mucosas espessadas e alisadas contendo bário floculado e disperso.

O exame microscópico do material colhido pela biópsia endoscópica da mucosa do jejuno, quando demonstra o achatamento das vilosidades, faz o diagnóstico de Doença Celíaca.

A franca positividade sanguínea dos Anticorpos Anti-Gliadina e Anti-Transglutaminase Tecidual (tTG), tem valor diagnóstico equivalente ao da biópsia e podem ser obtidos em nosso meio. O Anticorpo Anti-Endomísio, muito importante até há pouco tempo, foi substituído, com vantagem, pelo Anti-tTG.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com Doença de Crohn, Supercrescimento Bactérico, Gastroenterite Eosinofílica, Espru Tropical, Linfoma do Intestino Delgado, Intolerância à Lactose e Síndrome de Zollinger-Ellison.

Há a possibilidade de encontrarmos uma associação com: Dermatite Herpetiforme, Diabete Insulino-Dependente, Retocolite Ulcerativa, Tireoidite Auto-Imune, Colangite Esclerosante, Síndrome de Sjöegren, Cirrose Biliar Primária.

Como se trata?

Pela não utilização permanente do Glúten na alimentação e pela reposição de tudo que se saiba poder estar deficiente; a ajuda de Nutricionista está indicada.

Eventualmente, está indicado o uso de "pancreatina" e de corticosteróide, bem como de ciclosporina - um imuno-supressor - mais para alcançar o controle de fase diarréica intensa.

Como se previne?

Exceto por não comer alimento que contenha glúten, não se conhece prevenção.

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